segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Os Mantras


Mantra
Recitação e mantras originaram-se no hinduísmo e são técnicas fundamentais praticadas até os dias de hoje. Muito do chamado Mantra Yoga, é realizado através de “Japa” (recitação de fórmulas, usando-se ou não o ‘rosário hindu’ = ‘japa mala’). Diz-se que os mantras, através de seus significados, sons e harmonia melódica, auxíliam o sadhaka (o praticante) na obtenção de concentração durante a meditação. Eles também são utilizados como uma expressão de amor à deidade, uma outra faceta do Bhakti Yoga, necessária para a compreensão de Murti.

momentos dificeis e auxílio, ou para ‘invocar’ a força espiritual interior. Frequentemente, também, os mantras são utilizados para se obter coragem em Segundo a tradição, as ultimas palavras de Mahatma Gandhi enquanto morria foram um mantra ao Senhor Rama: “Hey Ram!” – uma invocação a Deus, e acredita-se que assim ele pôde transpor com tranquilidade e definitivamente os “véus de Maya” (mundo físico ilusório) para encontrar seu “Bem Amado Cósmico”; Deus.
Provavelmente o mais representativo de todos os mantras hindus é o famoso “Gayatri Mantra”:
“Aum! bhurbhuvasvah yam bhargo devasya dhimahi dhiyo yo naha pracodayat”
que significa, literalmente:




“Om! Terra, Universo, Galáxias (invocação aos três mundos). “
Que nós alcancemos a excelente glória de Savitr (Deus).
Que ele estimule os nossos pensamentos/meditações.
O mantra Gayatri é considerado o mais universal de todos os mantras hindus, e invoca o universal Brahman como um princípio de conhecimento e iluminação do Sol primordial, mas somente em seu aspecto feminino. Muitos hindus, até os dias de hoje, seguindo uma tradição que permanece viva por pelo menos 5.000 anos, o recitam enquanto realizam abluções matinais às margens de um rio sagrado (especialmente o Ganges). Conhecido como um mantra sagrado, é reverenciado como a forma mais condensada do Conhecimento Divino (Veda). É governado pelo principio, Ma (Mãe) Gayatri, também conhecido como Veda Mata (ou ‘Mãe dos Vedas’) e está intimamente associado à deusa do aprendizado e da iluminação, Saraswati.

O maior objetivo da religião Védica é alcançar “Moksha”, a Liberação, através da constante dedicação a “Satya” (‘Verdade’) e uma eventual realização de “Atman” (‘Alma Universal’). Não importa se atingido através de meditação ou puro Amor, este objetivo universal seria alcançado por todos. Deve ser observado que o hinduísmo é uma fé prática, que deve ser incorporada em cada aspecto da vida. Acredita igualmente no temporal e no infinito, e somente encoraja perspectivas destes principios. Os grandes “rishis” (homens santos) são também denominados como “samsaric” (aquele que vive no Samsara, o plano temporal ou terrestre). Os que conquistam um honesto e amável meio de “vidadharmic” é um “jivanmukta” (‘alma vivente liberta’).
As verdades fundamentais do Hinduísmo são melhores compreendidas nos “Upanishadic Dictum”, “Tat Twam Asi” (‘Thou Art That’), na última aspiração; como segue:
“Aum Asato ma sad gamaya, tamaso ma jyotir gamaya, mrityor ma aamritaam gamaya” = “Om, conduza-me da ignorância para a verdade, das trevas para a luz, da morte para a imortalidade.”
Escrituras Sagradas do Hinduísmo
Muito da morfologia e filosofia lingüística inerente ao aprendizado do sânscrito está associada ao estudo dos Vedas e outros relevantes textos hindus, que apresentam diversos níveis de leitura: físico, material, sutil e supranatural. Engloba também vários níveis de interpretação e compreensão. As escrituras hindus são divididas em duas categorias:
1 – “Shruti” – aquela que se escuta – oral – “Revelação”.
2 – “Smriti” – aquela que se recorda – escrita – “Tradição” ou “Não Revelação”.


Vedas

Constituem os textos mais antigos do hinduísmo e também influenciaram o budismo, o jainismo e o sikhismo. Os Vedas contêm hinos, encantamentos e rituais da Índia antiga. Mesmo tendo origem mais recente (o mais antigo, o Rig Veda, data de 1.300 – 1.000 aC), eles figuram, juntamente com o Livro dos Mortos (já abordado aqui), o Enuma Elish (idem), o I Ching e o Avesta, entre os mais antigos textos religiosos existentes. Além de seu valor espiritual, oferecem uma visão única da vida cotidiana na Índia antiga. Apesar de a maioria dos hindus provavelmente nunca ter lido os Vedas, a reverência por essa noção abstrata de conhecimento (Veda significa conhecimento) está profundamente impregnada no coração daqueles que seguem Veda Dharma.
Existem quatro Vedas:
Rig Veda (‘Sabedoria dos Versos’),
Sama Veda (‘Sabedoria dos Cânticos’),
Yajur Veda(‘Sabedoria dos Sacrifícios’) e
Atharva Veda (‘Sabedoria dos Sacerdotes Atharvan’).
Palavras de Hridayananda Dasa Goswami “Acharyadeva”, líder da “Sociedade Internacional para Consciência de Krishna” (ISKCON):
“Os eruditos mundanos nunca conseguiram achar um começo, ou princípio, para os Vedas. Porque o conhecimento védico existe sempre, inclusive em outros planetas. Não é algo que pertença a uma seita, algum país, alguma região ou a algum estágio histórico. Nos mesmos Vedas está dito que o Senhor Supremo os produziu de Sua própria Respiração. Os Vedas são então Conhecimento eterno e perfeito. (…) Os Vedas existem por milhões de anos e foram divididos porque as pessoas, agora, são de menor inteligência. Por isso, é necessário explicar tudo com mais detalhes. No Veda original havia instruções como ‘faça sacrifício para Deus, medite em Deus, conheça a Verdade Absoluta’, mas hoje em dia, essa instrução é insuficiente. Por isso o Veda foi dividido, junto com outras literaturas complementares, quando foram adicionados também muitos detalhes e explicações.”
Talvez um dia este espaço volte ao assunto Vedas. Renderia sem dúvida uma série de postagens bem interessantes.



Upanishads

Os Upanishads são denominados Vedanta porque eles contêm uma exposição da essência espiritual dos Vedas. A palavra “Vedanta” significa “Fim dos Vedas”. Entretanto, é importante observar que Upanishads são textos e Vedanta é filosofia. A palavra Upanishads significa “sentar próximo ou perto” pois as explicações eram passadas aos estudantes enquanto estes assentavam-se próximos aos mestres ou gurus.

Os Upanishads, mais precisamente, organizaram a doutrina védica de auto-realização, Yoga e meditação, karma e reencarnação – assuntos que não eram abordados diretamente no simbolismo da antiga religião de Mistérios. Os mais antigos Upanishads são geralmente associados a um Veda em particular, através da exposição de um “Brahmana” (mestre) ou “Aranyaka” (‘filósofos da floresta’), enquanto os mais recentes não. Formando o coração do Vedanta, eles contêm a excessiva aerodinâmica de adoração aos deuses védicos e capturam a essência do “Rig Vedic Dictum” (‘A Verdade é Uma’). Eles colocam a filosofia hindu como separada mas acolhendo uma única e transcendente Força, imanente e inata na alma de cada ser humano, identificando o micro e macrocosmo como Um. Podemos dizer que enquanto o hinduísmo primitivo é fundamentado nos quatro Vedas, o Hinduísmo Clássico, Yoga, Vedanta, Tantra e correntes do Bhakti foram modelados com base nos Upanishads.

Puranas – Smriti

Os Puranas são considerados “Smriti” – “ensinamentos não escritos”, passados oralmente de uma geração a outra. Eles são distintos dos Srutis ou ensinamentos escritos tradicionais. Existem um total de 18 maiores Puranas, todos escritos em forma de versos. É dito que estes textos foram escritos antes do Ramayana e do Mahabharata.
Acredita-se que o mais antigo Purana provém de 300 aC e os mais recentes de 1.300 – 1.400 dC. Apesar de terem sido compostos em diferente períodos, todos os Puranas parecem ter sido revisados. Isso pode ser notado no fato de que todos eles comentam que o número de Puranas e 18. Os Puranas variam muito: o Skanda Purana é o mais longo com 81.000 versos(!), enquanto o Brahma Purana e o Vamana Purana são os mais curtos com 10.000 versos cada. O número total de versos em todos os 18 Puranas é 400.000! Saiba um pouco mais clicando aqui.

As Leis de Manu

Manu é o legendário primeiro homem, o Adão dos hindus, uma espécie de semideus. As leis de Manu são uma coleção de textos atribuídos a ele. Manu se encarrega de nos trazer as Leis que são instruções de como um ser-humano deve agir (hu + manu = aquele que segue as Leis). Ele é considerado o pai da humanidade. A humanidade anterior degenerou-se, então Brahma ordenou que fossem aniquilados todos os que estavam sobre o mundo, porque somente se interessavam pelas coisas mundanas, como intoxicação, sexo ilicito, e toda maldade. Quando Manu foi banhar-se no rio, ele recebeu as instruções de um peixe, que nada mais era do que o Senhor Supremo disfarçado (‘Matsya-avatara’), dizendo para que Manu construísse um imenso barco e levasse para dentro dele um casal de cada animal, os sete sábios, e que tomasse conta dos Vedas, uma vez que iria fazer cair um dilúvio por sobre todos, e sobrariam apenas Manu e aqueles que ficassem na arca. Choveu durante 40 dias e 40 noites, e o mundo foi inteiramente coberto pelas águas da devastação.
Conhece a história de algum lugar? Os historiadores também! Aí está um fato realmente intrigante, a história bíblica do Dilúvio presente em outras mitologias antigas – também os escritos babilônicos aludem a esse acontecimento, e isso leva uma parte considerável dos especialistas a crer que realmente tenha havido um dilúvio na antiguidade.
Por fim, Manu soltou a todos os animais numa região chamada Tharim, que fica no norte da Índia, numa imensa área montanhosa, e ali restabeleceu a humanidade, através de uma série oblações, conhecidas como Ararati. A região ficou conhecida como “Região das Oferendas e Oblações” (‘Ararati’). E foi das oblações de manteiga a leite surgiu a primeira mulher, que deu a luz aos filhos que constituíram a atual humanidade.
As chamadas “leis de Manu”, são códigos de conduta conhecidos como “Manava-Dharma-Sastra”, “Escritos Sobre a Justiça para a Humanidade”. São versos escritos em sânscrito, na métrica antiga, contendo um compêndio das leis e costumes que eram seguidos e orientados pelo rei e pelos Brahmanas, os sacerdotes. Este código foi escrito tendo em vista dar uma orientação para que a humanidade não se perdesse novamente. O pedido para construir as leis partiu dos “Sete Sábios” e três importantes discípulos – uma vez que as leis haviam se perdido e somente Manu poderia trazê-las de volta. Manu aprendeu as leis da conduta diretamente do Senhor Brahmaa, então se encarregou de ensinar os sábios como Bhrigu, que pessoalmente aprendeu a métrica e do conteúdo das leis de Manu.

As leis de Manu consistem em 2.684 versos, dispostos em 12 capítulos. No primeiro capítulo é relatado a criação do mundo; do segundo ao sexto capítulos destina-se a correta maneira de agir das três castas superiores, bem como se dá o processo de iniciação na religião brahmínica, contendo os principais “Samskaras”, ou “Cerimônias da Fé”. “Varna” (‘castas’), e “Ashrama” (‘posição espiritual’), são descritos e comentados de modo a esclarecer a sua importância para que não haja degeneração social nem espiritual do homem. Ali está definida também a vida de estudante (‘brahmacharya’), o tempo de vida que uma pessoa leva como asceta celibatário sob a orientação do guru ou mestre espiritual e estudando os Vedas e as escrituras sob a orientação de um brahmana. Fala-se ainda das obrigação de um chefe de família (‘grihasta’) – no qual ingressa depois de cerca de 12 anos de estudo. Nessa fase aprende como escolher uma esposa, como deve ser a vida de casado, como deve ser a manutenção da família, a correta distribuição da riqueza, bem como a responsabilidade de manter o fogo-sagrado, realizar os sacrifícios aos semideuses e antepassados, realizar os jejuns, e comemorar as festas santas, exercício da hospitalidade, etc. Também estão incluídas as restrições e regulações que dizem respeito aos alimentos, vestimentas, relações conjugais, cerimônias de limpeza. Depois, há a fase de afastamento da vida familiar, cerca de 24 anos de casado, onde o casal se retira da vida familiar, até que adote a ordem de Sannyasi, ou de sacerdote renunciado e itinerante.
O sétimo capitulo diz respeito a responsabilidade e as obrigações do rei, e da sua condição divina, onde o rei deverá saber distribuir corretamente o elevado ideal da sua condição. O oitavo capítulo trata do procedimento civil e criminal das leis, a maneira de julgar e punir, de acordo com o tipo de assunto ou crime. O nono capítulo trata das leis que incluem o divórcio, herança, os direito de propriedade, e a devida ocupação legal segundo cada casta (as quatro fundamentais). O capítulo onze ocupa-se com os tipos de penalidades para alguém livrar-se das más consequencias do Karma. Por fim, o último capítulo trata da questão da doutrina do Karma, a questão dos renascimentos numa escala ascendente ou descendente, de acordo com o mérito ou demérito da vida presente.
Há a descrição de 14 manus por manvantaras, sendo os seguintes os nomes dos Manus: (1) Yajna, (2) Vibhu, (3) Satyasena, (4) Hari, (5) Vaikuntha, (6) Ajita, (7) Vamana, (8) Sarvabhauma, (9) Rsabha, (10) Visvaksena, (11) Dharmasetu, (12) Sudhama, (13) Yogesvara and (14) Brhadbhanu. Informações mais aprofundadas sobre os Manusaqui.


Mantra e a limpeza da Aura

Os mantras (ou sons) que descrevo a seguir, servirão para libertar todos os vínculos kármicos do seu corpo e da aura. Este exercício pode ser feito todos os dias, pela manhã ou à noite, antes de deitar-se. Faça-o durante vinte e um dias, procurando, durante esse tempo, incluir pelo menos uma fruta em suas refeições.

Antes de começar o exercício, tome uma ducha ou um rápido banho de chuveiro. Sente-se sobre uma almofada ou um tapete, dobre os pés, que deverão estar encostados em seu bumbum. Feche os olhos. Coloque a ponta da língua no céu da boca, encolha o abdômen, aperte o queixo contra o peito e respire fundo pelo nariz, mantendo-se assim por alguns segundos.
Coloque a mão esquerda sobre o coração, e a mão direita, aberta, em frente ao primeiro chackra (órgão sexual), conservando-a afastada dali alguns centímetros. Conservando essa posição, faça o mantra “OM LAM” por três vezes. Depois faça o mantra (uma vez) “OM VAM” com a mão direita a quatro dedos abaixo do umbigo, “OM RAM” em cima do umbigo, “OM YAM” no meio do peito, “OM HAM” na garganta, “OM” sobre os intercílios e “OM” novamente, com a mão direita sobre a moleira.
Durante todo o exercício, a mão esquerda deve ser conservada sobre o coração. Faça as entoações mântricas, que vibrarão nos sete chackras principais, expandindo sua aura, fazendo com que os resíduos kármicos se dissolvam.
A seqüência será, portanto:
OM LAM
OM VAN
OM RAM
OM YAM
OM HAM
OM
OM


Para sua informação, os tântricos fazem estes mantras cento e oito vezes por dia, o que não significa que você também deva fazê-los com tanta freqüência. Para os ocidentais essa quantidade não é aconselhável. Procure fazer durante 21 dias. Assim, os mantras servirão como um escudo invisível que o protegerá espiritualmente.
Fontes e bibliografia:

http://artedartes.blogspot.com/2007/10/hindusmo-sanatana-dharma-3.html
Sociedade Internacional Gita (Gita Ashrama);
Arquivo Profº J Sarinho;
“Hare Krsnas Spiritual Practice” (site ‘Sampradava Sun Site’);
Site Yoga.Pro.Br
http://estudoreligioso.wordpress.com/category/povo-do-oriente/

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