Terreiros de Umbanda do Brasil inteiro, principalmente nos menores e que possui o dirigente com a “cabeça fechada” para informações, discutem essa história de banho somente do pescoço para baixo, senão tal erva causará quizila com tal Orixá. Porém, o que esses dirigentes não sabem, é onde foi início dessa história de banho do pescoço para baixo.
Todos nós sabemos que os negros africanos, na época do Brasil Colonial, foram aprisionados e enviados para trabalhar como escravos nas lavouras, principalmente nas de cana-de-açúcar.
Chegando ao Brasil, esses africanos também trouxeram da África a sua religião, ou seja, o culto aos Orixás.
Ao chegarem neste país, estes escravos tiveram que aprender sozinho e com os índios sobre a manipulação, o uso ritualístico e medicinal das ervas brasileiras, já que muitas das ervas que eles utilizavam na África, não existiam no Brasil.
Este aprendizado não foi fácil, pois os negros desconheciam as utilidades e propriedades das ervas brasileiras. Por este motivo, quando desconheciam alguma erva, ou quando ela se parecia com alguma que existia na África e, naquele país era venenosa ou com alto teor de toxina, estes escravos tomavam o banho com estas ervas apenas do pescoço para baixo, protegendo assim os olhos, narinas e a boca, de qualquer contato que possa provocar a cegueira ou alguma doença que naquela época poderia levá-los a morte.
Desta época vem a história do banho do pescoço para baixo, que com o passar do tempo e com dirigentes não preparados, foram deturpando o fundamento do banho e dizendo que não deveria tomar os demais banhos da cabeça para baixo, pois causaria quizila com tal Entidade ou com tal Orixá.
Porém o que muitos desconhecem, é que apenas no Brasil existe essa tradição do banho do pescoço para baixo, nos demais paises do mundo, onde existe qualquer culto afro, como os Estados Unidos, Cuba e toda América Central, inclusive na África, que é o berço de todas as religiões afro, o banho de ervas é tomado em todo o corpo. Em um banho demorado e quase que ritualístico, eles jogam o banho de ervas na cabeça, pois os africanos dizem que a cabeça é a força do nosso corpo, e é o Ori que deve ser fortalecido com o banho de ervas.
Os africanos, que hoje em dia vem para o Brasil, acham um absurdo esta história do banho do pescoço para baixo. Não que ele não funcione, mas ele não fortalece o Ori, que é onde está o centro de equilíbrio do nosso corpo e o que nos faz “funcionar melhor”.
Existem ervas que vibram mais por certo Orixá, mas na Umbanda, você pode tomar banho com ervas de outro Orixá, que não existirá quizila, pois temos o nosso “Pai e Mãe” de cabeça, mas somos filhos de todos os Orixás. O que devemos tomar cuidado é quanto ao teor de toxinas existentes na planta, ou seja, não vamos tomar banho com pimenta na cabeça, não por quizila, mas sim para evitar o contato com os olhos, que pode causar queimadura na retina, não devemos também tomar banho de comigo-ninguém-pode fresca, pois quando verde esta erva possui muitas toxinas, impossibilitando o banho com a mesma. O recomendado para esta erva é o banho com as folhas secas, pois nesse estado, ela perde água e, junto da água, estas toxinas.
As pessoas de hoje em dia aceitam tudo o que falam e não buscam o porquê daquilo. Se fossem mais curiosas e menos submissas a tudo o que alguns pais-de-santo falam, descobririam e aprenderiam muito mais sobre a nossa querida Umbanda. A nossa religião é simples e tem fundamento, só basta querer aprender.
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